O Papa fala a mil sacerdotes na catedral de Roma:
"Não dispensem as pessoas do povo de Deus". "Misericórdia nas
confissões, misericórdia".
"Deixem o chicote", disse, que
"o amor de Deus é mais forte do que qualquer terrorismo assassino".
Dirigiu-se aos participantes do terceiro retiro internacional para sacerdotes
Roma, 12 de Junho de 2015
O Papa Francisco reuniu-se nesta sexta-feira na Basílica
de São João de Latrão, com mais de mil sacerdotes provenientes de 90 países dos
5 continentes, que começaram na quarta-feira, 10, o terceiro retiro mundial,
que termina no domingo, 14.
Depois de quase uma hora de conversa com os
sacerdotes na catedral de Roma, o Papa presidiu a Eucaristia e deu aos
participantes o mandato missionário.
Falando em espanhol, e olhando para os presentes, o
Papa disse: "Ver os bispos junto com os sacerdotes é a coisa mais bonita
em uma igreja". E lembrou que é necessário que existam sacerdotes e bispos
que estejam próximos do povo de Deus.
Explicou que "a coragem de Paulo de dizer
coisas, a coragem dos apóstolos de discutir entre eles” salvou a Igreja
primitiva. E ressaltou a importância de confrontar-se porque “onde não se
discute a Igreja está morta. Somente nos cemitério não se discute”.
O Santo Padre também falou do "gênio feminino
na Igreja" como “uma graça” porque “a Igreja é mulher, é ‘a’ Igreja e não
‘o’ Igreja, é a esposa de Cristo, e a mãe do santo povo de Deus”.
"O chamado ao sacerdócio ministerial – disse o
Papa aos presentes – é, antes de mais nada, um chamado de amor, vossa resposta
é uma resposta de amor”. Por isso é preciso cantar ao Senhor, até mesmo “quando
tem tentações”, e quando “você briga com Ele ou quando lhe foi infiel” é
necessário “ir a Ele” e dizer-lhe que está sofrendo, deixando correr as
lágrimas. “Este será um momento de santidade”, disse.
Indicou que “quando um sacerdote está apaixonado
por Jesus, dá pra perceber”, porque as pessoas reconhecem, “pelo contrário,
quando você é um funcionário com horários fixos”.
E exortou aos presentes a "serem
misericordiosos com as pessoas” e abrir-lhes o coração a Jesus “deixar-se amar
por Jesus”. Entretanto, reconheceu que diante do tabernáculo você pode ficar
dormido pelo cansaço acumulado. Se acontece, o Pai olha para o filho que dorme,
disse, “não se preocupem, Jesus olha para vocês”. O tabernáculo pode parecer
chato, não é a televisão, “mas aí está o amor”.
O Santo Padre se perguntou: Quem somos
nós? Puritanos?, Por favor, uma Igreja sem Jesus e sem misericórdia, não!
Não dispensem as pessoas do povo de Deus. E recordando que um sacerdote em
Buenos Aires não queria batizar o filho de uma mãe solteira, indicou: “Quando
isso acontece, o sacerdote tem o coração de um burocrata". E fez um apelo:
"Misericórdia nas confissões, misericórdia".
Em suas palavras aos mais de mil sacerdotes
presentes, lembrou os mártires cristãos de hoje, "homens e mulheres que
morrem por Jesus", e que os assassinos "não se importam com a
diferença entre os cristãos, porque sabem que são uma só coisa". O do
sangue “é um ecumenismo que já existe", disse. E exortou-lhes a continuar
no caminho do ecumenismo.
Concluída a sua reflexão, fizeram-lhe algumas
perguntas por continentes. Sobre América Latina lembrou que a pobreza e a
miséria são uma realidade concreta. Por isso falou do compromisso da Igreja em
evangelizar e promover socialmente as pessoas, como Santo Toribio de Mogrovejo
no Peru, tendo o cuidado para não cair em ideologias. Disse que os pastores
devem realizar um serviço gratuito, sem servir nem ao poder nem ao dinheiro,
sem apegar-se a estes elementos.
Respondendo a perguntas da África, anunciou que em
novembro deste ano espera fazer sua primeira visita ao continente, passando pela
República Centro-Africano e Uganda, embora ainda não confirmado.
Concluída as respostas começou a missa solene, em
cuja homilia Francisco lembrou que "as pessoas não acompanham as homilias
que duram mais do que oito minutos”, que “não é uma conferência nem uma aula de
catecismo”. E pediu aos presentes que as façam com uma linguagem que seja
“positiva e não proibitiva”, na qual se fale do Reino de Deus, das
Bem-aventuranças, do amor que transforma o coração. "Deixem o
chicote", disse, que "o amor de Deus é mais forte do que qualquer
terrorismo assassino".
Contribuição: Urbano Medeiros
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